domingo, 11 de julho de 2010

Donas do seu nariz, ex-raves de psy riram por último

Desde meus tempos de faculdade que sou fã assumido dos textos do jornalista Camilo Rocha, o lado DJ deste jornalista ainda não tive a oportunidade de ouvir (ainda). Para quem não conhece nenhum desses lados do Camilo pode acessar o blog Bate Estaca e conferir um pouco do trabalho de jornalista o lado DJ pode ser conhecido através do myspace.

Em seus ultimos textos publicados no Bate Estaca, Camilo comenta um pouco sobre a “nova geração” das festas eletrônicas e as tendências dela se converterem em festivais onde se misturam vários tipos de música.

Leia abaixo o artigo: Donas do seu nariz, ex-raves de psy riram por último.

A Tribaltech (foto), festão eletrônico open air, anunciou essa semana a cantora Céu no lineup. A cantora paulistana se junta a nomes como Marcelo D2, Lovefoxxx e Stop Play Moon no elenco do evento que rola no dia 21 de agosto.

Marque esta tendência: cada vez mais, as festas que nasceram como raves de psy vão se convertendo em festivais onde valem vários tipos de música. A XXXPerience de 13 anos, realizada no final do ano passado, se promoveu como um festival. A música ainda era 100% música eletrônica, mas havia muito mais vertentes do que a tradicional dobradinha psy acelerado/low BPM.

APRENDENDO E ENSINANDO

Organizações como, por exemplo, No Limits (parceira dos eventos XXXPerience, Tribaltech e Chemical Music), It’s Magic (Tribe) e Universo Paralello adquiriram ao longo dos anos know-how suficiente em logística e direção artística para ambicionar fazer eventos cada vez maiores.

Ainda têm muito que aprender, pois ainda rolam muitas falhas organizacionais em alguns eventos. Facilidade de estacionamento, organização do trânsito e mais capricho e criatividade na decoração são algumas coisas que podem melhorar.

Mas também têm muito o que ensinar, eu diria até de maneira humilhante, a outras cenas que viraram refém do grande patrocinador. Os novos festivais, ex-raves de trance, nunca dependeram de mega-marcas injetando dinheiro para acontecer. Isso sim é que é ser independente. Também nunca levaram um centavo do governo, que é o que sustenta muito da chamada cena “independente” do rock.

Cresceram organicamente, com força própria. Enquanto outras cenas musicais riam deles e patrocinadores torciam o nariz (não queriam sujar sua marca com a lama da rave…), as festas de psy-trance foram fazendo cada vez mais conta de milhar (no público) e de centena de milhar (no faturamento).

Já numa cena onde os festivais estão atrelados ao super-patrô, se o departamento da marketing da empresa X decidir que a prioridade esse ano é outra, tchau Motomix, Tim Festival, Skol Beats ou Nokia Trends.

NOMES PRÓPRIOS

A independência fica evidente também no nome. Festas como Tribe, XXXPerience, Universo Paralello, Tribaltech, Kaballah e Chemical Music têm orgulhosos nomes próprios, que não são apêndices de uma marca. Nesse sentido, as ex-raves se igualam a eventos europeus como Sonar, Glastonbury, Reading e Melt. O nome do evento é mais forte que o do marca.

Se ainda levarmos em conta que raves e afins passaram anos tomando cacetada (e ainda tomam) da mídia sensacionalista, de prefeitos e vereadores moralistas, juízes, autoridades policiais e outros agentes da lei e da ordem, sua sobrevivência e crescimento parecem ainda mais fenomenais. Coisa digna de aplauso mesmo.

SWU

Como que para coroar esse novo status quo, o festival SWU, talvez o maior de todos os tempos no Brasil, vai ser realizado na Fazenda Maeda, tradicional palco de festas eletrônicas, de incontáveis XXXPeriences e Tribes.

O SWU está propondo algo diferente para o público pop-rock brasileiro, mas muito comum para o frequentador de festival americano ou europeu: acampar por três dias no local do show, esquecendo um pouco do conforto urbanóide em nome da comunhão musical.

Coisa que o povo do trance já faz aqui no Brasil há muito tempo.

Camilo Rocha – Bate estaca

1 comentários:

Cláudio Bocka disse...

Eu pergunto, se não há patrocínios nas ditas festas "raves" o que seriam aqueles banners de Energéticos, logos em flyers? Propaganda gratuita? Acho que não.
Estou na cena eletrônica há 23 anos, e nunca vi uma festa de uma pouco mais de expressão não depender de um apoio ou patrocínio para acontecer. A própria tribe mesmo já teve propagandas da Skol passando em seus telões. A XXX há alguns anos, quando se chagava na festa a primeira coisa que se via era um banner da chilli beans na entrada. Até mesmo a nossa "querida" Respect se rendeu aos atrativo$ e na sua ultima festa tinha banners de marca de energético.

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