sexta-feira, 12 de junho de 2009

Eco Respect: Recicle as suas atitudes

Nossa geração, a mesma que adora música eletrônica e novos lançamentos tecnológicos, está inserida num momento de grande transformação mundial. Isso acontece principalmente no aspecto ambiental, na luta contra o temido aquecimento global, assim como na educação, no despertar de uma nova consciência humana.

Realizando festas em São Paulo desde 2006, o núcleo Respect sempre fez questão de relacionar seus eventos a projetos sócio-ambientais, realizando parcerias com ONGs, institutos e empresas que trabalham com preservação, reciclagem e educação.

No último dia 05 de junho foi comemorado o dia mundial do meio ambiente, marcado por diversos eventos ao longo da “semana do meio ambiente”, que aconteceram nas principais capitais do Brasil.

Em São Paulo, a marquise do Parque do Ibirapuera foi tomada por “stands” de importantes grupos ativistas (Greenpeace, SOS Mata Atlântica... etc). O pessoal da Respect marcou presença no evento, apresentando projetos de conscientização ambiental e também artísticos, através da reciclagem do lixo.

No próximo dia 15 de agosto, será realizada em São Paulo a sexta edição da Respect. Além da boa música, o público poderá festejar sem maltratar a natureza, colaborando com a limpeza do local e participando das atividades propostas pelo núcleo. Não deixe de conferir a programação do Espaço Gaia durante a festa.

Para conhecer melhor esta mentalidade da Respect, que tem como referência festivais de cultura alternativa como o Boom Festival (Portugal) e Universo Paralello (Brasil), conversamos com um de seus organizadores, Ricardo Almeida.

Durante a semana do meio ambiente, o núcleo Repect esteve em dois importantes eventos sobre o tema, um no Parque do Ibirapuera, outro no Embu das Artes. Como foi a participação da Respect nestes eventos?
Rica: Participamos com nossos Projetos de Arte Educação: Mutação e A Ilha. Em 2009 propomos levar a consciência ambiental e a arte da Respect para outros públicos e começamos a oferecer oficinas dos projetos artísticos na nossa região, perto da represa do Guarapiranga. A intenção é conscientizar a população para o problema do lixo, a escassez de água, além de oferecer alternativas para ocupação de tempo e geração de renda, isso tudo somado ao trabalho mental fantástico que a arte proporciona. Essas ações estão ocorrendo dentro de escolas, parques e centros culturais aqui em São Paulo.

Foi um pouco da história desse trabalho que levamos para o parque Ibirapuera e também na comemoração da semana mundial do meio ambiente na cidade de Embu das Artes. Para quem conhece, sabe que a cidade é referência em arte, sempre tivemos um respeito enorme por ela, foi bacana ser bem recebido na cidade. O prefeito de Embu das Artes passou pelo stand e elogiou o nível dos trabalhos. No Ibirapuera, pelo mesmo evento no ano passado passaram mais de 70 mil pessoas. Tivemos visitas importantes, inclusive do Ministro do Meio Ambiente Carlos Minc, que interessado nos trabalhos, parou para apreciar as obras e aprovou a importância da arte e da consciência ambiental que estamos passando.

Certamente, fazer uma festa sem este cunho sócio-ambiental seria mais fácil. Porque o núcleo Respect faz questão relacionar suas festas a projetos ambientais e sociais?
Rica: A Respect tem uma base que são os festivais, são eles que influenciam o andamento do projeto e os festivais sempre se preocuparam com o meio ambiente e o bem estar do planeta. Fácil não é, mas nos dá bastante satisfação em agir positivamente para nós mesmos, o planeta, a natureza, somos um conjunto, não estamos separados, isso é muito importante divulgar. Queremos levar esse conceito mais adiante, para outros públicos. Nossa sociedade está muito condicionada ao individualismo, isso está destruindo a convivência dos seres humanos. Essas ações conjuntas, em grupo, são maneiras de contribuir passando conhecimento, informação e criando um vínculo maior que gera uma segurança pessoal. A sociedade precisa de ações positivas e precisamos estar atentos para praticar ações que não causem impactos ambientais, físicos ou psicológicos.

Uma excelente idéia que me chamou a atenção foi da FICHA ECO-RESPECT, que recicla latas de alumínio. Como surgiu a idéia e como funciona a participação do público e o bônus em fichas para gastar na festa?
Rica: Na última edição colocamos em prática essa ação e deu um resultado super positivo. Na hora que você compra qualquer bebida com lata de alumínio, você recebe junto essa ficha, se terminar de beber e levar a lata vazia junto com a ficha, devolvemos um real em ficha de consumação. A idéia foi trazida do Boom Festival pelo Murilo Ganesh, e foi rapidamente aprovada por nós e agora pelo público que colaborou bastante, devolvendo as latas e ajudando a manter a festa mais limpa.

Em suas edições a Respect organiza o chamado Espaço Gaia. O que acontece neste espaço e qual sua importância para o público?
Rica: O Espaço Gaia é um local de reflexão e troca de informações importantes. Dentro do Gaia acontecem exposições de quadros, fotos, esculturas, feira de trocas, oficinas, vivências, rituais de cura, etc. Há ainda em conjunto com o espaço Gaia, o espaço de Terapias Alternativas, com reiki, yoga e meditação, além, do cinema Cult, que apresenta filmes alternativos e importantes documentários como La Belle Verte, A carne é fraca e Zeitgeist. É um espaço de cultura ativo e interativo, onde artistas e público conversam, trocam informações, experiências, divulgam idéias e propõem novas pesquisas.

Tendo em vista a forte comercialização da cena nos últimos anos, vocês acreditam que ainda faltam iniciativas como as da Respect na cena eletrônica? Ou a maioria dos organizadores de evento já estão agindo desta maneira?
Rica: Ainda há uma falta de consciência no que as pessoas estão fazendo, um festival tem que ter atrações e um cenário de acordo, não dá pra levantar um monte de box trans, tendas, bares, som e falar que é um festival. Há toda uma magia e uma interação entre local, artistas e público. E há o mais importante, a multiplicidade da arte e as ações ecológicas para manter o espaço limpo, não é só a música, é o conjunto todo. Estamos buscando recuperar essa cultura que é muito importante como movimento cultural contemporâneo e muito mais importante ainda para as próximas gerações. Não dá pra esperar o governo e a mídia, eles preferem divulgar culturas de baixo nível e falso otimismo. Coisas que não levam há lugar nenhum e “emburrecem” coletivamente.

Mais infos: www.respect.art.br

por Paulo Henrique Schneider - baladaplanet

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