quinta-feira, 11 de junho de 2009

(filme) Paraísos Artificiais - Um papo com Marcos Prado

O uso freqüente de substâncias que alteram a percepção consiste num perigoso exercício que pode aniquilar a liberdade, tão cara a dignidade humana. As impressões de um espírito refinado e singular, que fez uso dessas emanações vegetais nos legando, numa lúcida experiência, a análise dos efeitos misteriosos e dos inevitáveis riscos que resultam de seu uso prolongado.

O poeta francês Charles Baudelaire (1821-1867), famoso por sua magnífica Obra “As flores do Mal”, reunindo-se com os amigos no luxuoso Hotel Pimodan, desfrutou do haxixe (cânhamo indiano, cannabis), do ópio e do vinho.

Em “Paraísos Artificiais”, o poeta relata sua aventura por esses e outros psicotrópicos.
“Se naturezas grosseiras e embrutecidas pelo trabalho diário e sem encanto (refere-se a “embriaguez do ego”) encontram no ópio grande consolo qual não será então o seu efeito num espírito sutil e letrado, numa imaginação ardente e cultivada?”.

Baudelaire, chama a atenção para o fato de que “há bêbados perversos; são pessoas naturalmente perversas. O homem mau torna-se execrável, assim como o bom torna-se excelente.” E indaga: “Não é razoável pensar que as pessoas que nunca bebem vinho, ingênuas ou sistemáticas, são imbecis ou hipócritas; imbecis, isto é, homens que não conhecem nem a humanidade nem a natureza; hipócritas, isto é, comilões reprimidos, impostores da sobriedade, que bebem escondidos e têm algum vício oculto? Um homem que só bebe água tem um segredo a esconder de seus semelhantes”.

Com essa tímida introdução ao livro de Charles Baudelaire, podemos visualizar um pouco do sofisticado longa de mesmo nome, Paraísos Artificiais (nome temporário), que esta sendo produzido pelo fotógrafo, documentarista e Cineasta brasileiro Marcos Prado. Em seu currículo, Marcos produziu: Ônibus 174, Os Carvoeiros, Tropa de Elite e dirigiu o premiado documentário Estamira. Como fotógrafo, recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais, entre eles o World Press Photo 92 e o Focus on Your World 92, da ONU.

Sócio de José Padilha na Zazen Produções, em outubro de 2008 durante o Festival do Rio, assinaram um acordo de produção junto a Paramount Pictures Brasil Distribuidora de Filmes Ltda e Paramount Home Entertainment (Brasil Ltda), para produção de 2 longas, o Nunca Antes na História deste País, que tem como cenário Brasília e os bastidores da política brasileira e Paraísos Artificiais, filme que irá retratar o mundo da cena eletrônica e os jovens contemporâneos.

Apos as primeiras noticias do filme rodar diversos meios de comunicação, em sites, revistas, entrevistas e varias especulações, o microcosmo dos profissionais e público dos eventos de musica eletrônica no Brasil, em sua grande maioria, tiveram pesadelos ao imaginar um filme que fale sobre musica eletrônica, sem criar mais estigmas na já conturbada relação entre e-music e drogas sintéticas, de acordo com visões pré-conceituosas, comum da nossa sociedade.

Quando li as primeiras noticias sobre o longa, também fiquei muito receoso, pensando no quanto devastador poderia ser para esse importante movimento cultural de nossa geração, se o longa seguisse a preguiçosa e sensacionalista mídia desse país, mas logo me convenci do talento que estava a frente dessa missão, de retratar uma tribo multifacetada, tão rica e tão polêmica quanto qualquer movimento com raizes na contra-cultura. Afinal, nós, digo, todos que amam e cultivam essa cultura, somos o exemplo vivo de que podemos ser muito mais do que uma manchete carregada de falso moralismo.

Após muitos e-mail’s, e tentativas de encontro frustradas pela correria de agendas, acreditei que no final do ano de 2008,iria conseguir encontrar com o Marcos no Universo Paralello e assim trocar algumas idéias sobre o filme. Marcamos então o encontro na pista principal no dia 30 de dezembro e quem disse que funcionou… Universo Paralello além de gigantesco e sem brecha pra comunicação via celular ou outro meio prático e eficaz, fez do encontro mais um fiasco.

Porém nesse ultimo sábado, 6 de junho, finalmente encontramos o Marcos em sua casa, em um encontro muito mais tranqüilo do que seria no festival.
Junto dos amigos e companheiros de trabalho aqui no Plurall.com, Orion e Renan Reis, pudemos conhecer e entender de forma verdadeira o longa pelas próprias palavras do Marcos Prado, que nos recebeu com extrema boa vontade fazendo do encontro um fantástico bate-papo.

Entre um papo e outro, trocamos livros, dicas de filmes, documentários, vimos às maravilhosas fotos de Estamira, fotos que ele fez no Universo Paralello, ouvimos alguns sons que provavelmente vá fazer parte da trilha sonora do filme, o que me faz ter certeza que será uma trilha belíssima, ouvi ainda elogios aos meus set’s, que ele mesmo baixou aqui no site, imagine o quanto fiquei feliz de saber desse detalhe, e por final saímos desse encontro satisfeitos de ver um humano extremamente lúcido e possuidor de um olhar fascinante, preocupado apenas em ser verdadeiro.

Bom… sobre o filme… só assistindo no cinema pra matar a curiosidade, mas algo me diz, que teremos um filme de ficção que vai proporcionar um dialogo muito interessante nos quatro cantos do mundo.

Por Roosevelt Soares

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