terça-feira, 22 de setembro de 2009

Entrevista com Claudia Bukowski do Copacabana Club

Conversei com a baterista do Copacabana Club, Claudia Bukowski ou apenas Claudinha como é conhecida no cenário musical. A banda curitibana que atraiu a atenção da mídia nacional, como a MTV, após o lançamento do clip “Just do It” foi um dos destaques do Tribal Tech MultiCulti Festival que aconteceu no final de agosto na capital paranaense.

Claudinha disponibiliza alguns minutos de seu momento de “folga”, algo cada vem mais raro na vida da baterista que concilia os shows da banda com a sua pós em São Paulo, para responder algumas perguntas e contar um pouco mais da historia do “Copas”

A idéia de montar o grupo surgiu e foi concretizada em uma noite no James, certo? Contem um pouco de como o Copas nasceu.
O Copacabana surgiu mesmo no James, em uma noite que o Alec convidou o Luli pra montar a banda. Eu estava discotecando no andar térreo do bar e o Lulòi foi me convidar pra ser baterista porque ja tinhamos tocado juntos em outra banda, o Autobahn. A Caca estava por perto e apulou na conversa, pediu pra entrar na banda pra fazer "alguma coisa, depois a gente decide" hahahahahaha. E algum tempo depois chamamos o Tile pra assumir o baixo. A ultima novidade na formação do Copa é nosso novo guitarrista, Rafa Martins, que entrou no lugar do Luli.

No dia 09/07/2009 Ewandro Schenkel definiu o som do Copas em seu blog, “Sobre Nada”, da seguinte maneira: “É o tipo de trilha sonora para embalar os adolescentes que gostam de usar chapéus e pegar amiguinhos do mesmo sexo”. O que acham da posição do blogueiro e como vocês definiriam o som do Copas, para aqueles que não conhecem?
Eu sou fã incondicional do Radiohead e acredito que eles sejam a banda mais genial de todos os tempos. Ainda assim, eu tive inúmeras conversas com amigos que não gostam do som deles e não entendem o que eu acho de tão incrível na banda. Ou seja: se nem a banda mais genial do universo é unanimidade, é um absurdo achar que qualquer banda pode vir a agradar a todos e seria uma petulância sem tamanho o Copacabana Club pensar dessa maneira. Isso nunca passou pela nossa cabeça e é por esse motivo aceitamos bem críticas positivas e negativas. Todo mundo tem direito a dar sua opinião e pode gostar ou não gostar das nossas músicas. Por outro lado, também acho que críticas bem feitas e bem argumentadas, sejam falando bem ou falando mal,  tem mais chance de surtir algum efeito e fazer com que a sua opinião seja compreendida e respeitada. Eu não sei se os fãs do Copacabana Club usam chapéu ou se gostam de meninos ou meninas. Honestamente isso não me importa e não me parece dizer muito sobre o som da banda. Acho que a melhor definição sobre nossas músicas surgiu em duas resenhas que tivemos logo nos primeiros shows, mas nunca consigo me lembrar quais foram os sites: definiram o som do Copacabana Club como "indie-festa", "indie-carnaval".

“Just do It” já é um hit, qual a sensação de ver um dos primeiros trabalhos estourando em rádios e principalmente em um dos principais canais de música: MTV
Pra mim foi impressionante. Nunca tivemos o comprometimento de fazer músicas que fizessem sucesso ou que dessem certo, nós queriamos nos divertir. O Copacabana é a primeira banda da Caca, mas eu, Luli, Tile e Alec ja tivemos banda antes. E sabemos que as bandas 99% das vezes não vão além do que noites divertidas e uma meia dúzia de amigos que realmente gostam do seu som, por isso não tínhamos pretensão nenhuma que o Copacabana Club fosse diferente disso. Mas desde os primeiros ensaios era nitido que nós nos divertiamos mais do que o normal e que tinha uma química entre a gente que funcionava muito bem. Acho que demos sorte: isso se repetiu nas apresentações ao vivo e conquistamos um espaço maior do que esperávamos.

Recentemente vocês participaram de uma festa em SP onde assumiram as pick-ups. Gostam de música eletrônica? O que ouvem?
Gosto de música eletronica mas entendo muito pouco. A algum tempo já minha discotecagem tem sido "menos rock" do que era há alguns anos atrás, mas acho difícil que os fãs de música eletronica de verdade considerem meu som eletrônico. Gosto de The Knife, Justice, Air... e por aí vai.

Qual a sensação de tocar em um festival como o Tribaltech?
Foi bem bacana. Fiquei surpresa com o tamanho e a organizaçao do festival. Desde o primeiro contato, até o site, o livrinho com todas as informaçoes (como chegar, onde ficar, o que fazer em curitiba), acho que poucos eventos na cidade são feitos com tanta preocupaçao. Achei otima a iniciativa da festa de abrir espaço para bandas. É muito bom tocar com uma infraestrutura assim.

Muitas pessoas criticaram a idéia de unir vários estilos em uma festa que antes era voltada apenas para a música eletrônica. Como vocês vêm essa mudança?
Eu sou mais ligada a cena rock de curitiba, por isso ja tinha ouvido falar da Tribaltech mas ainda não tinha ido em nenhuma edição anterior.  Eu acho esse preconceito de misturar estilos bobagem, ainda mais num festival desse tamanho. A Tribaltech parece estar antenada e seguindo modelos de festivais maiores que acontecem la fora. O Glastonbury, o maior festival inglês que é nitidamente voltado para o rock há anos tem uma tenda mais eletronica. O mesmo acontece no Carling Weekend (Leeds e Reading), no T in The Parl, no V Festival. O Benicassim, o mais importante festival da Espanha, a cada edição parece mais e mais ligado com a cena eletronica, mas sem deixar de lado a veia rockeira dos primeiros anos de festival. Acho que tem espaço pra todos.

Muitos grupos sentem dificuldades em estar fora do eixo Rio-São Paulo, essas dificuldades (preconceito) realmente existem?
A dificuldade existe, mas em defesa do pessoal que organiza shows e festivais não acho que seja preconceito não. Simplesmente é difícil viabilizar isso financeiramente. Pela procura que temos no email do Copa e elogios de pessoas do país inteiro, eu tenho praticamente certeza que toda capital do Brasil, de Porto Alegre a Belém, tem um cenário de rock alternativo e que seria incrível tocar nesses lugares. Mas o tamanho dessa cena, apesar de suficiente pra fazer um show incrível, pode ser pequena para você viabilizar trazer uma banda de um lugar mais distante.

Assim como o Copacabana existem, em Curitiba, vários grupos independentes. Existe algum em particular que vocês gostam?
Vários! Eu fiquei impressionada com um show do Rosie & Me que vi alguns meses atrás, acho eles muito bons. Também gosto do Ruído/mm.

Alguns artistas aderiram a internet para divulgar seus trabalhos e como resultado acabaram indo parar na grande mídia, temos como exemplo o caso da Malu Magalhães. Vocês também são adeptos ao Orkut, twitter, myspace, como essa tecnologia ajuda o trabalho do Copas? Atualmente a Caca cuida de 6 perfis e se aparecer algum site novo provavelmente estaremos entre os 10 primeiros a se cadastrarem, hahahaha. Acho que a internet ajuda muito na divulgação. Teria sido muito dificil ter essa repercussão sem o auxílio do MySpace, YouTube e sites como Orkut e Twitter pra divulgar a banda.

Vocês já fizeram shows em São Paulo, Curitiba, Santa Catarina, qual a apresentação que mais marcou até agora.
As apresentações de Florianópolis são sempre muito animadas. Apesar de algumas dificuldades técnicas, nossos últimos shows no interior de São Paulo, em Ribeirão Preto e Campinas também foram muito bons. E tocar aqui em Curitiba sempre é ótimo... temos um público muito incrível por aqui.

Como são os “Copas” longe dos palcos, o que fazem, ouvem, onde vão?
Eu sou DJ, arquiteta e baterista (não obrigatoriamente nessa ordem). Geralmente aqui em Curitiba vou ao James e ao Wonka, mesmo quando não estou trabalhando. Em casa as vezes fico meio cansada de escutar as "músicas pra pista" que toco a noite e acabo sempre caindo nos mesmos CDs: Spoon, Wilco, Okkervil River. Gosto de ir ao cinema, mas faz tempo que não vou. Eu ando meio dividida entre Curitiba e São Paulo por causa do mestrado. Em São Paulo gosto de ir  no Sonique, Gloria, Squat.

Quais as influências musicais de cada um:
Eu gosto de Radiohead, Jesus & Mary Chain, Interpol. Como sou DJ, sempre estou atras de novidades e me apaixonei pelo ultimo CD do Phoenix, Passion Pit, Two Door Cinema Club e Little Comets. A Caca também escuta muita coisa nova. O Tile é o roqueiro da banda, fã incondicional de Stones e está inacreditavelmente feliz com a notícia que estamos confirmados pro Festival Planeta Terra ao lado do Primal Scream, sua banda do coração. O Alec gosta de muita coisa, de bossa nova a novidades, passando por Steve Wonder, Stereolab e Sondre Lerche. O Rafa divide comigo o gosto por Interpol e também é gosta muito de Television e Gang of Four. Acho que ele tem tudo pra trazer influencias geniais pra banda porque ele também gosta de coisas legais de música brasileira, como Jorge Ben na fase mais bacana e Felini.

Com certeza nesse início de carreira já passaram por várias dificuldades. Existe uma em que hoje, quando se lembram vocês dão risadas?
A gente fez um show histórico em Santa Maria, no festival Macondo. A Andy Andrade, produtora aqui de Curitiba da ex-Maamute me ligou e disse: "Eu tenho um show pra 4 bandas de Curitiba, bate-e-volta, sem hospedagem nem cache, que a gente só consegue pagar os custos do micro-onibus. Vocês topam?". Topamos na hora. A viagem era de 16 horas, num onibus completamente lotado e cheio de amps de guitarra no corredor. Mas o show foi lindo e todas as bandas se divertiram. Foi o primeiro mosh do Alec. E claro que não tinha ninguém na platéia disposto a segura-lo...

Os fãs podem esperar alguma novidade em breve, um CD, DVD?
Podem sim, só nao temos data definida. Nosso ep King of the Night foi lançado de forma 100% independente e o single Just Do It foi feito com a patrocínio da Levi's. Temos um repertório de aproximadamente 15 músicas no show, mais do que suficiente pra um álbum completo. Mas ainda estamos tentando descobrir como viabilizar isso financeiramente.

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