A Tribaltech (foto), festão eletrônico open air, anunciou essa semana a cantora Céu no lineup. A cantora paulistana se junta a nomes como Marcelo D2, Lovefoxxx e Stop Play Moon no elenco do evento que rola no dia 21 de agosto.
Marque esta tendência: cada vez mais, as festas que nasceram como raves de psy vão se convertendo em festivais onde valem vários tipos de música. A XXXPerience de 13 anos, realizada no final do ano passado, se promoveu como um festival. A música ainda era 100% música eletrônica, mas havia muito mais vertentes do que a tradicional dobradinha psy acelerado/low BPM.
APRENDENDO E ENSINANDO
Organizações como, por exemplo, No Limits (parceira dos eventos XXXPerience, Tribaltech e Chemical Music), It’s Magic (Tribe) e Universo Paralello adquiriram ao longo dos anos know-how suficiente em logística e direção artística para ambicionar fazer eventos cada vez maiores.
Ainda têm muito que aprender, pois ainda rolam muitas falhas organizacionais em alguns eventos. Facilidade de estacionamento, organização do trânsito e mais capricho e criatividade na decoração são algumas coisas que podem melhorar.
Mas também têm muito o que ensinar, eu diria até de maneira humilhante, a outras cenas que viraram refém do grande patrocinador. Os novos festivais, ex-raves de trance, nunca dependeram de mega-marcas injetando dinheiro para acontecer. Isso sim é que é ser independente. Também nunca levaram um centavo do governo, que é o que sustenta muito da chamada cena “independente” do rock.
Cresceram organicamente, com força própria. Enquanto outras cenas musicais riam deles e patrocinadores torciam o nariz (não queriam sujar sua marca com a lama da rave…), as festas de psy-trance foram fazendo cada vez mais conta de milhar (no público) e de centena de milhar (no faturamento).
Já numa cena onde os festivais estão atrelados ao super-patrô, se o departamento da marketing da empresa X decidir que a prioridade esse ano é outra, tchau Motomix, Tim Festival, Skol Beats ou Nokia Trends.
NOMES PRÓPRIOS
A independência fica evidente também no nome. Festas como Tribe, XXXPerience, Universo Paralello, Tribaltech, Kaballah e Chemical Music têm orgulhosos nomes próprios, que não são apêndices de uma marca. Nesse sentido, as ex-raves se igualam a eventos europeus como Sonar, Glastonbury, Reading e Melt. O nome do evento é mais forte que o do marca.
Se ainda levarmos em conta que raves e afins passaram anos tomando cacetada (e ainda tomam) da mídia sensacionalista, de prefeitos e vereadores moralistas, juízes, autoridades policiais e outros agentes da lei e da ordem, sua sobrevivência e crescimento parecem ainda mais fenomenais. Coisa digna de aplauso mesmo.
SWU
Como que para coroar esse novo status quo, o festival SWU, talvez o maior de todos os tempos no Brasil, vai ser realizado na Fazenda Maeda, tradicional palco de festas eletrônicas, de incontáveis XXXPeriences e Tribes.
O SWU está propondo algo diferente para o público pop-rock brasileiro, mas muito comum para o frequentador de festival americano ou europeu: acampar por três dias no local do show, esquecendo um pouco do conforto urbanóide em nome da comunhão musical.
Coisa que o povo do trance já faz aqui no Brasil há muito tempo.
Camilo Rocha – Bate estaca