quarta-feira, 25 de março de 2009

Do Céu ao Inferno e de volta à Terra.

Kaballah SP - COMUNICADO OFICIAL

Caros leitores,

Tentaremos resumir aqui tudo o que se passou durante os últimos quatro dias, os quais jamais serão esquecidos.

A Kaballah existe há mais de seis anos, com mais de 15 edições apenas em São Paulo / Campinas e mais de 25 pelo país. Boa parte dessas edições paulistas foram realizadas na região que conhecemos como Helvetia, em meio a lindos campos de polo e propriedades de uma rica vizinhança. E foi realmente um privilégio poder desfrutar da beleza daquela área por tanto tempo.

A edição do dia 21 de Março ia entrar para a história. Era a consolidação de uma idéia de muito esforço e reconhecida qualidade. Estávamos com quase 10 mil ingressos vendidos até a sexta-feira e tamanho sucesso era sabido desde o começo da semana. Estávamos eufóricos.

Finalmente a Kaballah havia se tornado o festival de música eletrônica independente que o Brasil não tinha, representando verdadeiramente vários estilos e trazendo muita gente de volta ao
espírito rave.

E a preocupação com o resultado da festa era de igual proporção, e não poupamos investimentos. Erguemos a festa mais cara de nossa história, sem patrocínios.


Conseguimos movimentar boa parte da cena mundial, com destaques importantes em portais internacionais como Resident Advisor link e DJ Mag link. O line-up falava por si só e o público compareceria em peso.

Em paralelo a tudo isso acontecia o que chamamos de processo de legalização da festa. Uma longa estrada de procedimentos necessários para a realização do evento, onde reuniões memoráveis que juntavam em uma só mesa Infraero, EMDEC (trânsito), Polícia Militar, Concessionária Rodovia das Colinas e Polícia Rodoviária construíram amizades de muito respeito e admiração. E a Prefeitura de Campinas e os Bombeiros sempre propensos a ceder suas devidas autorizações, de acordo com as exigências.


Eis que com tudo encaminhado dentro da habitual normalidade e com a festa sendo montada desde a segunda-feira, 16, sofremos um duro revés na manhã de sexta-feira, 20, através de uma liminar que multaria a Prefeitura de Campinas em R$ 100 mil e os organizadores do evento em R$ 300 mil caso este fosse realizado.

Seu autor, um antigo desafeto das festas na região, jogador de polo e frequentador do Helvetia aos fins-de-semana. Residente, de fato, na cidade de São Paulo. Sua contestação, o som. E a prefeitura de Campinas, naturalmente e pela primeira vez na história de nossa festa, negou o alvará.

Na tarde de sexta-feira, 20, a chance de apresentar uma defesa. Passamos o dia reunindo nossos advogados e até um engenheiro de segurança foi contratado para emitir um laudo técnico que atestasse a capacidade de se realizar o evento sem que o som incomodasse nosso vizinho reclamante, localizado a 1,3 km da festa.

Passada a tarde no Forum de Campinas, um Juiz pouco interessado ratificou sua própria decisão, munido do apoio de outro Tenente-coronel da PM que desencorajava a realização do evento, para a nossa surpresa e de todos os queridos policiais militares que participaram de nossas reuniões preliminares. E dessa vez ainda expediu uma ordem judicial para desmonte da festa. Às 7h30 da manhã do Sábado, 21, um oficial de justiça, 20 policiais e inúmeros funcionários da prefeitura apareceram no local.

A essa altura, o site da prefeitura de Campinas já anunciava a negativa do alvará e a mídia logo retransmitiria a informação. A única chance era trazer o processo para o Tribunal de Justiça de São Paulo, uma instância superior, onde poderíamos apresentar novo recurso ao desembargador de plantão, somente a partir das 11h da manhã do Sábado.

Nossos advogados continuaram os esforços. A festa começou a ser desmontada logo pela manhã mas havia um efetivo pronto para reverter a situação caso a decisão fosse favorável.

O processo, que já juntava 400 páginas, também não recebeu a devida atenção do desembargador responsável e as 17h a festa estava definitivamente no chão. A maior festa que já montamos, com uma estrutura que realmente enchia os olhos, um Cocoon stage especialmente decorado… tudo voltava a ser um esqueleto de box truss.

Todos estavam completamente desolados e, pior, desacreditados em qualquer tipo de reação, nem para essa festa e muito menos para as futuras. Era o fim.

Naquele momento pouco se pensava em qualquer possibilidade, até que surgiu a desesperada idéia de tentar mudar a festa para algum clube. E por que não para dois clubes? Os maiores possíveis, na tentativa de frustrar o menor número de pessoas e de simplesmente dar aos artistas algum tipo de recompensa pelo apoio e viagens tão longas.

Preços de bar, confusão na entrada, educação de seguranças, capacidade dos clubes e qualidade do atendimento, tudo infelizmente previsto. Não conseguíamos nem pensar em números e o que pudemos fazer foi ligar para nossos amigos da Anzu e da Pacha e lançar a idéia, pedindo para que aceitassem os ingressos em seus respectivos clubes enquanto pensávamos na divisão do line-up. Qualquer negociação financeira mais detalhada ficaria para depois. E assim foi.

Ligamos para o Sander Van Doorn e diante de toda a situação ele estava mais do que disposto a se apresentar nos dois clubes. Um headliner estava garantido para ambas as casas. O GMS havia acabado de se apresentar na Pacha (7/3) e o Zabiela na Anzu (14/3), assim, optamos pela inversão. E o resto seguiu o mínimo de coerência musical que conseguimos pensar.

Só para transferir os riders técnicos do campo de polo pra cada respectivo clube já foi um parto. Esses clubes ainda esperavam receber apenas algo como mil pessoas em suas noites normais, e tiveram que correr contra o tempo para aumentar suas brigadas e estoques. Uma pressão indescritível.

Às 20h30 da noite soltamos o comunicado sobre o novo formato do evento e os respectivos line-ups. Nosso público estava em massa on-line e pegou o recado instantaneamente. Não era hora de discussões e nem de revolta. Fechamos a comunidade do Orkut. Quem quisesse realmente apoiar estava convidado, o momento era inédito e tais clubes jamais veriam tamanha euforia.

Aqui ficam nossas primeiras e muito sinceras desculpas a todos que não se divertiram da maneira como haviam previsto, aos que foram mal atendidos, a qualquer grosseria pela qual tenham passado e, principalmente, a inenarrável frustração dos que não conseguiram entrar em nenhum dos dois clubes: desculpem-nos!

Os line-ups foram, aproximadamente, os seguintes:

*** PACHA ***

Domo
2h30 - Sander Van Doorn (HOL)
4h30 – Hardfloor (ALE)
5h30 - Sesto Sento (ISR)
6h30 - Vibe Tribe (ISR)
10h00 - James Zabiela (UK)

Terrazza
6h00 as 10h00 - Pornobot

*** ANZU ***
2h30 Martin Eyerer (ALE)
3h45 Lutzenkirchen (ALE)
4h30 Dusty Kid (ITA)
6h00 Sander Van Doorn (HOL)
8h00 GMS (HOL)

Aos que conseguiram se divertir, tivemos a maior e mais grata surpresa jamais imaginada. Os dois clubes estavam completamente lotados e nunca tamanha energia havia se concentrado naquelas pistas. Dois clubes concorrentes, realizando a mesma festa, lotados e realmente bombando. Inesquecível!

Os artistas tiveram algumas das melhores experiências de suas carreiras. Recebemos todo tipo de apoio - GMS, Dusty Kid, Sander e todos os outros - simplesmente incríveis.

Ver o Hardfloor montar três TB-303 e mais todo o seu vasto sistema analógico em meio à loucura do final do set do Sander na Pacha foi memorável – 20 anos de experiência que valeram essa primeira e histórica visita dessa dupla que definiu o som das primeiras raves dos anos 90: acid!

Às 10h da manhã o Zabiela chegava do Campo de Marten a Pacha, vindo direto de outra festa no sul onde havia tocado. Sua frustração não impediu um set memorável que teria sido grande destaque da festa original.

Às 11h da manhã ainda havia quase mil pessoas em cada clube.

Passada toda essa jornada, conseguimos agora dizer que vamos sobreviver. Ainda não podemos precisar os prejuízos, principalmente em nossa imagem que tanto nos esforçamos para conquistar.


Para os ingressos que não foram utilizados, serão duas as opções:

1) Devolução: o ingresso adquirido deverá ser enviado para nossa caixa postal acompanhado de um formulário preenchido que estará disponível em nosso site a partir do dia 6/ABRIL. Este formulário conterá todas as instruções de reembolso que será feito mediante depósito bancário.

2) Utilização na próxima festa: o ingresso adquirido poderá ser trocado pelo ingresso da próxima festa, dia 20 de Junho. Divulgaremos os pontos de venda onde a troca poderá ser realizada a partir do dia 6/ABRIL. O novo ingresso virá acompanhado de um humilde presente especial para nosso fiel e querido público.

INFORMAÇÕES COMPLETAS SOBRE ESSAS DUAS OPÇÕES DIA 6/ABRIL.

Nossas próximas edições serão:
20/6 – São Paulo
27/6 – Belo Horizonte (day party)
27/6 – Rio de Janeiro (a maior festa de música eletrônica do Estado em 2008)

Para que nosso fiel e querido público acompanhe o andamento das próximas festas, criaremos em nosso site um blog com atualizações em tempo real onde iremos apresentar todos os detalhes do tal processo de legalização – informações que devem ser acompanhadas de perto por todos os interessados, para que não restem dúvidas da seriedade deste trabalho, um projeto de vida que infelizmente depende de inúmeras burocracias (que sempre foram cumpridas!) e de decisões pessoais unilaterais para tomar forma.

E, finalmente, atendendo a pedidos e procurando agradar gregos e troianos com boa e diversa música eletrônica, já estão confirmados para a KABALLAH SÃO PAULO, DIA 20 DE JUNHO:

MEGABAND (ESKIMO + VOID)
SHANTI
PROTOCULTURE
HEADROOM
LIQUID SOUL
AMO & NAVAS
POPOF
DUSTY KID
COCOON STAGE C/ TRÊS ATRAÇÕES SURPRESA!
ELI IWASA
WAIO
PORNROBOT

E muito mais!

Agradecemos do fundo do coração a todas as mensagens de apoio, toda revolta a nosso favor, toda crítica e, principalmente, todos que já estão garantindo presença na próxima festa. Vamos encarar com toda a força do mundo o imenso trabalho que essa recuperação exige, deixando a seguinte mensagem:

A MELHOR KABALLAH DA HISTÓRIA NÃO FOI CANCELADA, FOI APENAS ADIADA.

Mais informações: www.kaballah.com.br

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