segunda-feira, 27 de julho de 2009

Documentário usa série de entrevistas para compor retrato de Kurt Cobain

Após “Bananaz” e  “Alice no País das Maravilhas” o documentário “Kurt Cobain: Retrato de Uma Ausência” entra para a  lista do “contando os dias para chegar”.

O filme, dirigido por AJ Schnack, é baseado no livro “Come As You Are: The Story of Nirvana”, do jornalista Michael Azerrad. Durante as mais de 25 horas de entrevista, Cobain fala da sua vida – da infância até a relação com a fama - veja o trailer abaixo.

Montado a partir de 25 horas de material, filme não agrega muita novidade aos que já sabem da história e dos dramas vividos pelo ícone do grunge

Para quem é fã do Nirvana, do tipo que vai além da música, o filme Kurt Cobain: Retrato de Uma Ausência, não irá trazer nada de novo. A obra de AJ Schnack, que estreia esta semana no país (31 de julho), apenas vem somar-se como outro experimento... errr... "conceitual", digamos, sobre a mente confusa e frequentemente perturbada de um Kurt Cobain incomodado com a exposição e as obrigações trazidas pelo sucesso. E também com a imagem que sua esposa Courtney Love cultivava na imprensa.

Isso está bastante impresso no filme, já que ele é todo montado a partir de mais de 25 horas de entrevistas com Kurt, as quais o jornalista Michael Azerrad (Rolling Stone, Spin) usou em Come as You Are: The Story of Nirvana. Tido como o mais importante registro acerca do fenômeno grunge, o livro, tomo de 600 páginas, ganhou versão traduzida para o português com 15 anos de atraso.

Como o ensaio de Gus Van Sant em Últimos Dias, temos mais um produto lacônico e pouco envolvente, tornando-se cansativo em vários momentos. As aspas colhidas entre dezembro de 1992 e março de 93, mais ou menos um ano antes de ele ter botado fim à dor de estômago causada por uma família desestruturada e a aversão às pessoas comuns, são cobertas por belas imagens. Mas o recurso do apuro fotográfico, que coloca cenas das cidades de Washington em que Cobain viveu e conviveu com familiares e outras pessoas mescladas a retratos de personagens aleatórios, pegos nas locações, não serve para conferir drama suficiente à película.

Interessante notar que Schnack usou aqui truque parecido com o do documentário Instrument, sobre o Fugazi, nas passagens em que a câmera busca enquadrar o público da banda do lado de fora dos shows. Começando em Aberdeen, depois passando por Olympia e chegando a Seattle, a edição de uma hora e meia define sua narrativa ao acompanhar cronologicamente a evolução tanto artística quanto dos conflitos pessoais vividos pela figura central do Nirvana.

Originalmente nomeado About a Son, Retrato de Uma Ausência deixará no espectador uma, das duas pulgas, atrás da orelha. A noção de que Kurt Cobain não passava de um garoto-problema - por ter enxergado em escala fantasmagórica frustrações muito comuns ao adolescente médio americano - ou o reconhecimento de um autêntico e mítico herói do rock, incompreendido, o último deles. Seja lá qual for a impressão, as falas revelam todas as questões do rapaz morto aos 27 anos, seus amores, seus motivos para as drogas, a formação de sua base musical, e tudo que uma conversa franca e sem direção pode ser capaz de revelar: o compositor de "Smells Like Teen Spirit", grande artista, símbolo de uma geração, mina de dinheiro e fonte de escândalos para os tablóides, era também humano.

Por: Eduardo Ribeiro – Skol Beats

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