terça-feira, 18 de agosto de 2009

(entrevista) Gui Boratto

Um dos mais talentosos e hypados artistas brasileiros da atualidade, que lançou recentemente seu segundo álbum Take My Breath Away e que está se apresentando pelo mundo todo, literalmente... Na entrevista abaixo, Gui fala de todos os níveis de sua vida, desde a época de Chromophobia até o uso de sua faixa Besides em campanha publicitária da gigante Apple... Confira!

Qual é a grande diferença entre o Gui Boratto antes de Chromophobia e o Gui Boratto depois de Chromophobia?
Acho que todos nós vivemos em uma constante mudança. Eu principalmente, devido ao fato de estar vivenciando inúmeras e diferentes culturas desse mundo. Mas, acho também que, mesmo com todas essas mudanças, o Chromophobia e o Take My Breath Away são álbuns complementares. Não só muitas intenções, mas até mesmo a produção, foram muito semelhantes. Ambos foram produzidos na sala da minha casa, normalmente pela manhã, sem pressa ou qualquer outro tipo de pressão.

Jornais, revistas e sites do mundo todo estampam notícias com seu nome. A que você atribui esse seu sucesso mundial?
Acho que o fato de atingir um leque maior de audiência, deve-se talvez a minha música ter melodia. No techno, não é uma coisa muito comum. Normalmente, as produções desse gênero possuem como principal foco, texturas e ritmos, deixando a questão harmônica e melódica meio de lado. Na minha música acontece o oposto. Isso acaba me levando para caminhos mais "pop" da música eletrônica, abrangendo consequentemente um público maior.

Você acha que ainda há mais espaço para a música eletrônica se expandir pelo mundo? Ou o nível de maturidade já foi atingido?
Acho muito relativo a gente definir isso como música eletrônica. Afinal de contas, até as bandas de rock mais pesadas do momento se utilizam de aparatos tecnológicos e/ou eletrônicos de alguma forma. Acho que talvez a cultura techno, de raves, clubes, festivais, estão em muitos países, principalmente da Europa, realmente bem maduros, mas acho que a tendência é crescer ainda mais. Acho também que existe um tendência ainda maior na fusão de estilos, como a fusão do rock com electro, ou do techno com indie-pop.

Como foi idealizado e produzido Take My Breath Away? Que faixas você destaca neste novo trabalho?
Como já foi dito, foi um processo bem semelhante ao de Chromophobia. Bem, quanto as faixas de destaque, acho que No Turning Back e a faixa-título Take My Breath Away têm um apelo maior com o público, por serem extremamente melódicas. Mas eu tenho a minha preferida, que é a Besides, que inclusive foi licenciada recentemente para uma campanha publicitária da Apple.

As suas experiências anteriores como músico, arquiteto, publicitário, influenciam suas produções musicais atuais, ou são coisas que ficaram no passado?
Eu sempre vou carregar a bagagem do passado comigo. Tudo que aprendi como engenheiro de som, técnico de estúdio e músico me ajudam muito no dia a dia. Não só para programar, mas para também poder gravar instrumentos, compor, entre outras coisas.

Como tem sido suas apresentações nos festivais internacionais, como por exemplo o Coachella 2009? Como surgiu o convite para integrar o line-up de um dos maiores festivais de música do mundo?
Esse ano eu tive grandes oportunidades de me apresentar em festivais de peso, como Coachella, Montreux Jazz Festival ou Exit, na Sérvia. A resposta do público foi incrível, principalmente às músicas do meu novo álbum Take My Breath Away. Estou muito feliz e acho que no caminho certo.

Você já está confirmado também para as três últimas edições da XXXPERIENCE – Belo Horizonte, Búzios e Edição Especial 13 Anos, que será um grande festival. O que você acha da tendência de os eventos open air se tornarem grandes festivais, englobando mais vertentes da música eletrônica?
Isso já vem acontecendo há algum tempo. Raves que estão se tornando festivais. Abrir mais espaço para outras vertentes só "colore" ainda mais o evento, trazendo uma mistura de público muito legal. O legal é quando as tribos se misturam mesmo.

Da parceria com Tim Simenon, do Bomb The Bass, o que já rolou até agora e o que mais podemos esperar?
Eu e o Tim falamos quase todos os dias. Encontrei ele em Amsterdam há algumas semanas, quando toquei no festival 5 Days Off. O nosso projeto está bem adiantado. Estou na verdade fazendo um disco autoral com o Tim, que será o novo álbum do Bomb The Bass, escrito e produzido por mim e pelo Tim. Já temos 6 faixas prontas. Estou muuuito animado para que o disco fique pronto logo. A idéia é, antes de sair o álbum todo, de uma vez, lançarmos singles, em diversas gravadoras, com outros artistas remixando tais temas. Já temos o primeiro remix do meu parceiro e amigo Michael Mayer, para o primeiro single. Provavelmente, teremos esse single lançado em parceria entre a Kompakt e o selo !K7, do Bomb The Bass.

Além de Tim Simenon, que outros "big names" já entraram em contato com você para tratar de música e que, no caso, você ficou surpreso?
Fiquei muito feliz com o contato dos Pet Shop Boys, já que escutei muito os caras quando era pequeno. Acho que tem algumas bandas que sempre serão referência, como Depeche Mode, New Order, Cure e Smiths. Também fiquei muito feliz em remixar Moby e recentemente Booka Shade.

Fale-nos um pouco mais sobre o seu novo formato de apresentação, que visa explorar também a linguagem visual.
Não é em todo lugar que consigo executar isso, mas hoje conto com um diretor de fotografia que dirigiu e produziu um lindo material para cada música do meu disco novo. É como se fosse um clipe para cada música. Isso tudo é sincronizado e disparado entre o meu equipamento e o do VJ.

As pessoas insistem em tratar Gui Boratto como "DJ" em muitos lugares, sendo que você é apenas produtor. Em nenhum momento você pensa em começar a fazer sets mixados?
Não tenho essa pretensão. Meu lance é produzir e mostrar esse trabalho para as pessoas, ao vivo. Além do mais, eu não compro música, nem sou super antenado para os novos lançamentos desse vasto mercado, o que um DJ faz diariamente.

Por Guigo Monfrinato
Fonte: Essential

mais: www.myspace.com/guiboratto

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