domingo, 16 de agosto de 2009

Woodstock foi o fim da contracultura, afirma professor

Os hippies de Woodstock queriam mudar o mundo com flores, drogas, paz e amor, mas acabaram transformados pelo mundo.

Para as pessoas que participaram do festival em Bethel, norte de Nova York, o espetáculo anunciava o advento de uma nova era, mas a euforia de ontem se transformou em ressaca. Passados 40 anos não ficou claro se Woodstock conseguiu, de fato, mudar alguma coisa.

O professor de jornalismo da Universidade Quinnipiac, em Connecticut, Rich Hanley explica que o festival marcou o fim --e não o início-- da revolução dos anos 60 e da contracultura.

"Em 1971 [dois anos após Woodstock], tudo já havia terminado. As manifestações acabaram. A geração Woodstock saiu em busca de trabalho e o trabalho acabou com a diversão."

Segundo Hanley, "os hippies agora se transformaram em republicanos, perderam o cabelo e trocaram o LSD pelo Viagra".

Batalha campal

Menos de quatro meses depois de Woodstock, em dezembro de 1969, um show parecido organizado no autódromo de Altamont (Califórnia) terminou em uma violenta e alucinada batalha campal.

Apesar dos protestos pacifistas, as tropas americanas continuaram lutando no Vietnã até 1973, e um ano mais tarde o escândalo Watergate acabava com a presidência de Richard Nixon.

"Acredito que as pessoas perderam as ilusões", afirma o diretor do museu de Woodstock de Bethel, Wade Lawrence. "O tema da paz e do amor passou a ser algo pitoresco."

Alguns ex-hippies como o fotógrafo Michael Murphree, agora com 56 anos, não se arrependem de sua juventude. "Paz, amor, felicidade: realmente queríamos isso", comenta, com um sorriso, enquanto caminha pelo museu.

Ironicamente, o resultado mais palpável foi a apropriação do rock pelas empresas como fonte de renda. Os shows passaram de encontros improvisados a operações que geram grandes somas de dinheiro.

"Woodstock mudou a indústria da música", afirma Stan Goldstein, um dos organizadores originais. "Pela primeira vez, pudemos ver o poder que tinham os artistas para atrair multidões", acrescentou.

Por: Sebastian Smith (France Presse)
Fonte: Folha online

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