quinta-feira, 20 de agosto de 2009

(entrevista) Marc Romboy

Um dos destaques do Tribaltech Multicult Festival abre o jogo no site rraurl

Marc Romboy respondeu nossas perguntas com bastante entusiasmo. Decisivo e brincalhão, não deixa todo a correria de suas carreiras (homem de família, produtor, homem de negócios, DJ) abalar seu bom-humor ou esgotar o amor pelo o que faz. Ao contrário: Romboy é um apaixonado e procura sempre que possível falar da "alma" da música.

Sua carreira já acumula mais de15 anos e seu selo Systematic Recordings acabou de ver o quinto aniversário. As comemorações são globais e contam com mix especial por Oxia em um promo do recente lançamento de um box de comemoração desses 5 anos, o 5YSYST (5 Years Of Systematic Recordings). O álbum foi produzido de maneira grandiosa, com inúmeros artistas, entre amigos e produtores, colaborando com uma faixa inédita cada.

Aproveitamos sua vinda para o Brasil para um bate-papo. Bastante brincalhão o produtor alemão aproveitou a oportunidade para contar segredinhos de bastidores (como uma colaboração com Gui Boratto) e soltar alguns dos futuros passos do selo.

Olhando para trás em sua discografia podemos ver que você tem lançado discos por mais de 10 anos. Quando foi que sua carreira começou? E que faixas te chamavam a atenção na época? Desde o início de sua carreira você pensou que algum dia você chegaria tão longe? Olhando para trás, há alguma coisa a qual você se arrependa ou que quis fazer?
Bem, eu lancei minha primeira faixa em 1992. Não sob a alcunha de Marc Romboy, mas de um projeto diferente, com meus amigos. Eu me interesso por música eletrônica desde os oito anos quando escutei "The Robots" do Kraftwerk pela primeira vez na vida. Desde então esse "tipo" de música mexe comigo. Estou muito cansado da música mainstream radiofônica e por vezes troco as estações (de rádio) por música clássica, algo que eu realmente gosto. Voltando as minhas influências, são muitas, começando pelo new wave e indo até o breakdance. De Chicago house ao techno house até pessoas como Carl Craig e Juan Atkins. E,acredite-me, eu não arrependo de nada. Essa é a minha vida!

Seu selo está comemorando 5 anos de existência com extensa compilação onde produtores convidados contribuiram cada um com uma faixa exclusiva. Como foi esse processo?
Não sei quem teve essa ideia absurda de lançar uma caixa com cinco discos e, sim, esse projeto foi uma loucura total, tomando 4 meses de trabalho duro. Normalmente tratamos com uma ou duas pessoas para lançar um disco, mas dessa vez tive que tratar com 32 artistas diferentes. Foi irreal. Sinceramente, foi o maior projeto que jamais fiz, e foi muito divertido. O feedback de grandes produtores como Stephan Bodzin, Jerome Sydenham, Technasia, Steve Rachmad e Mike Monday, só para nomear uns poucos, foi sensacional e emocionante para mim. Estou muito orgulhoso do selo até agora, tem me feito muito feliz e tem sido sempre uma boa base para o lançamento de minhas faixas e também das músicas de amigos meus.

Você vai tocar pela segunda vez no Brasil, e dessa vez o Systematic Recordings é considerado um dos mais influentes selos do planeta. Como você combina a carreira de DJ/produtor com a carreira de "dono de selo"?
Bem, isso é algo que frequentemente me pergunto e, para ser honesto, não sei a resposta. Minha percepção de "fazer negócio" mudou completamente no espaço de 3, 4 anos. Uma semana parece dois dias nesse momento e é muito difícil de administrar tudo: família, selo e gigs. Mas, eu tenho muitas pessoas a bordo que me apoiam o projeto, muitos profissionais que tomam conta dos negócios, como bookings, gerência do selo, meu programa no rádio, vinis, CDs, vendas online e por aí vai. Estou muito feliz de trabalhar com esse pessoal.

E o que podemos esperar de seu set dessa vez? Você vai tocar um DJ set como os das celebrações da Systematic ou vai ser algo como a sua compilação, "Systematic Colours Volume Two"?
Eu sempre procuro ler a linguagem corporal das pessoas para ter um aporte do que elas querem e como elas sentem, combinando essa impressão com os meus sentimento e clima. Então todos os meus sets são bastante diferentes. Eu amo tocar deep e groovy, embora eu ame as levadas dos spins e kicks, também. Mas, para mim, é essencial manter a alma no techno. Eu não gosto de techno frio e sem alma de maneira alguma, isso me irrita bastante. Essa é a razão pela qual estou sempre procurando por músicas com alma, não me importando como essa alma vai se expressar. Ela pode ser uma voz maravilhosa, ou um barulho, ou um efeito, ou uma melodia, não importa. Porém, isso é algo com o qual você poderá sempre contar comigo. É a essência do meu trabalho e de minha produtividade, produção.

Qual será o próximo passo em relação a produções e lançamentos seus e do selo? Que surpresas você está escondendo debaixo de sua manga? Você pode falar um pouco sobre isso?
Oh, temos muitas idéias esperando para serem realizadas! O próximo grande passo no Systematic será o álbum vindouro de meu amigo Robert Babicz, de Cologne. Nós já estamos preparando seu álbum, com singles e remixes, para lançar até o próximo verão e, acredite-me, está fantástico. Demonstra exatamente o que sinto nesses momento. É muito deep, cheio de aspectos musicais que te pegam e não deixam partir. É morno, agradável e uma nova dimensão de som para mim. Alem disso, estamos próximos de finalizar o primeiro app de iPhone do Systematic, com o qual você poderá preparar os seus próprios DJ mixes com músicas do Systematic e, claro, a produção de meu terceiro álbum começará em 6 meses.

Você terá algum tempo para gastar consigo nessa visita ao Brasil? Você quer ir a lugares além das cidades?
O que realmente me interessa são as pessoas do Brasil e da última vez que estive aí tive a oportunidade de conhecer muitas pessoas calorosas e amigáveis. Uma experiência que realmente me impressionou. E, sim, dessa vez vou ficar por quase duas semanas, então, com certeza terei mais tempo para conhecer lugares e checar a cozinha brasileira (risos).

O que você costuma escutar quando não vai tocar? Tem algum recente artista/produtor que tem chamado a sua atenção?
Major Lazer, Portishead, Boards of Canada, Jimmy Hendrix, The Residents, Bauhaus e música clássica estão no meu iPod no momento e eu tenho reexplorado um CD mixado velho do Mathew Herbert no Tresor. É o que gosto esses dias. Contanto que não seja música gaga de rádio normal, eu sou bem mente aberta.

Como é produzir com alguns dos seus parceiros musicais?
A coisa mais engraçada nesse assunto é o fato de que a única colaboração artística dos últimos anos, que eu tenha ficado na mesma sala de estúdio, foi com o meu amigo, Stephan Bodzin. Todos os outros, como Blake Baxter, Chelonis R. Jones ou Gui Boratto fizeram suas criações em seus próprios estúdios e eu fiz a minha parte em casa, na Alemanha. Com a opção de novas mídias, como email e internet, é tão fácil colaborar com outras pessoas e fazer música juntos. Vou te contar um segredinho: quando minha colaboração com o Gui Boratto saiu, nós não nos conhecíamos cara a cara, só por email e telefonemas. Você acredita nisso? Isso funcionou porque eu sabia que estamos no mesmo tipo de frequência. Apenas poucas semanas depois do lançamento é que fomos, finalmente, nos encontrar em Amsterdã, passamos um bom tempo juntos e rimos bastante.

Quando você está produzindo uma faixa você sabe logo se ela "precisa" de um vocal? Você gosta de usar vocais nas suas faixas ou isso é como um exercício para você? E que tipo de música "aquece a sua alma"?
Há, agora você mencionou alma também! O que é alma? Eu me pergunto tempo todo. Bem, quando eu produzo uma faixa o impulso de incluir vocais me vem de repente e automaticamente. A combinação de máquinas sensacionais e um elemento natural, como a voz, é algo que me fascina sempre e sempre. Ah, droga, me desculpe, eu realmente não posso explicar isso. É muito difícil de expressar os meus sentimentos... Mas você certamente sabe o que quero dizer!

Por: Catarina Liarth - rraurl

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