Guitarras distorcidas, baterias pesadas e muitas camadas de sintetizadores
Dizem que é apenas um nome criado para confrontar a soberania do minimal techno nas pistas de dança, tipo como o punk esteve para os hippies. E mesmo que o maximal não tenha nada de político em sua formação, ele confronta a passividade do minimal com a agressividade de batidas estouradas e toda a sujeira de distorções sintéticas.
Se alguns artistas como o Boys Noize o definem como "uma rebelião contra a chatice minimal", a dupla francesa Justice apenas se apóia na influência da geração french touch, mais especificamente no Daft Punk, para explicá-lo - é engraçado notar que o surgimento do maximal case com a consolidação máxima do Daft Punk no mainstream. Se 2006 assistiu o retorno do duo aos palcos, 2007 os viu sendo sampleando como base de rappers, lançando o primeiro álbum ao vivo e se consolidando como referência para a grande maioria dos novos atos da música eletrônica.
O gênero foi criado no início desse ano pela impressa especializada que não via relação alguma entre alguns produtores, DJs e bandas com a new rave. Afinal, música eletrônica feita para pessoas dançarem existe desde sempre e não é uma roupa mais colorida que definirá o seu som. Mas não estamos falando de um hype do New Musical Express: o site Pitchfork, a revista XLR8R e o blog Missing Toof estão entre aqueles que usam o termo "maximal" para definir a sonoridade de bandas como Justice, Simian Mobile Disco, Boys Noize e Digitalism e parte dos artistas das gravadoras francesas Ed Banger e Kistuné.
Apesar de não terem uma sonoridade tão uniforme quanto se espera para um novo rótulo, o que une as bandas aqui é o constante uso guitarras na maioria da composição, que passam por pesadas camadas de distorção, lembrando os solos mais cafonas do heavy metal, devidamente acompanhados de barulhentas baterias e linhas de sintetizadores secas e até TBs histéricas ocasionais.
A dupla Justice iniciou seus trabalhos em 2003 remixando a faixa "Never Be Alone" do Simian. No meio de 2007 lançaram um elogiado álbum de estréia, Cross, no qual mesclaram elementos de house, com timbres do electro e influências de rock pesado e melódico.
Justice - Waters of Nazareth
Sebastian - Ross Ross Ross
Digitalism - Idealistic
Logo acima na Inglaterra, a dupla Simian Mobile Disco lançou seu primeiro álbum, Attack Decay Sustain Release, no mesmo tempo que a conceituada BBC Radio 1 adiciona ao seu cast o DJ Kissy Sell Out. Esse inglês, dono de vários remixes pertencentes às listas de melhores do ano, usa timbres agudos e cheios de eco como assinatura de seu trabalho.
Simian Mobile Disco - I Believe
Kissy Sell Out - Let There Be Blazing Light
Enquanto Knightlife, Riot in Belgium e MIAMIHORROR mantêm a ensolarada Austrália bem representada, Shinichi Osawa não deixa o Japão por trás e lançou uma versão de "Star Guitars' (Chemical Brothers), talvez o melhor cover feito em 2007.
BRASILIANISMOS
Por aqui, o movimento cresce entre DJs e ganha fãs. Aos poucos, começam a surgir os primeiros projetos inspirados na cena internacional e, coincidentemente, os maiores destaques brasileiros são feitos por duplas. Os fluminenses do Twelves seguem a linha electro-house ácida do Justice na hora de compor seus sets e remixes, muitíssimos blogados pelo mundo recebendo dezenas de elogios. Ainda como destaque no Brasil estão as duplas Roots Rock Revolution, Database e Killer on the Dancefloor.
Database - Itstortion (mp3)
Como todo novo estilo musical, há aqueles que fazem esse tipo de música antes dela ter esse label, aqueles que negam sua existência e aqueles que são atirados num balaio cheio de pessoas de sonoridades diferentes. Contudo, esse não é um movimento disforme e irregular como a new rave foi em 2006. Se esse ano foi marcado pelo surgimento do maximal, 2008 pode esperar a consolidação do movimento e muitos, mas muitos filhos/clones do Justice, netos do Daft Punk, nas mais diversas embalagens.
Que consigamos filtrar bem para não cair nas repetições excessivas que já tiraram o charme de N estilos de outros tempos.
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