quinta-feira, 9 de abril de 2009

Dimitri Nakov discorre sobre sua incursão nas diversas vertentes da eletrônica

Considerado um dos melhores DJs de psy trance, Dimitri Nakov expandiu seus horizontes e começou a investir na produção musical com o consagrado projeto G.B.U., em que trabalha ao lado de Dado (Deedrah) e Serge (Antidote), e seu projeto solo DKN.

No passado, fez parte do casting da renomada gravadora inglesa TIP e, hoje, promove os selos Solstice Music e Spun Records em suas apresentações ao redor do mundo. Os sets de Dimitri sempre trazem novidades, músicas bem produzidas e crossovers entre diversos estilos da música eletrônica.

Já trabalhou em produções com alguns dos grandes nomes da cena psy, como os ingleses Hallucinogen, Dino Psaras e Tristan, além dos franceses Deedrah e Antidote, o top israelense Astrix e o brasileiro Wrecked Machines. Conheça melhor esse renomado artista que estará em turnê pelo Brasil ao lado do top DJ Sasha:

Sempre que seu nome está no line up de uma festa, o país de origem varia entre França e Inglaterra. Na real, onde foi que você nasceu? Em quais países você morou ao longo da vida? E onde vive atualmente?
Nasci em Paris, na França e ainda novo, com apenas três anos, me mudei para a América, mas acabei morando a maior parte de minha vida, dos 4 aos 24 anos, na Inglaterra. Hoje moro na Espanha, não aguentava mais o frio inglês! Eu uso o passaporte francês, mas sinto que a minha educação e todas as minhas primeiras experiências, referências e trabalhos com a música eletrônica aconteceram em Londres. Por isso que quando me perguntam, peço para colocar Inglaterra no flyer, mas na verdade sou Francês de nascimento.
Entendo o português porque falo francês (também falo espanhol, italiano, e alemão, mas ele não está muito bom agora). Os Brasileiros gostam de colocar França como meu país de origem, mas na verdade eu me sinto inglês quanto à musica eletrônica, apesar dos franceses serem muito bons hoje em dia. Quando comecei a gostar de som eletrônico, em 88, ia para a França - onde existem leis que determinam que as rádios toquem 70% de música nacional - e ninguém conhecia e muito menos gostava de som eletrônico, então eu me identificava muito mais com a Inglaterra.

Conte mais sobre o início de sua carreira. Como foi que começou a discotecar e quando entrou em contato com o trance?
Caí no trance por acaso, sem querer. Agradeço o dia, isso não fazia parte dos meus grandes desejos na época, mas tinha como gol ser DJ. Já tinha feito trabalhos de assistente no estúdio do Sasha, de lá trabalhava e gerenciava o selo do Roger Sanchez, isso já em 94/95. Quando o Roger resolveu levar a gravadora para Nova York, comecei a trabalhar em outras áreas (também me formei nessa época) até entrar para a TIP Records em 97/98, gravadora histórica do trance. Já conhecia o pessoal da TIP e do trance europeu no geral, mas não fazia muito parte da turma. Também, tocando com Sasha na Inglaterra e Irlanda, com Roger Sanchez no Ministry of Sound, não fazia muito do estilo dos tranceiros.
Daí, um verão, toquei um set de trance em Ibiza logo depois que entrei na TIP (tocava com DAT e vinil juntos, o que deve ter impressionado) e de repente eu estava tocando em todos os lugares do mundo. Não estava mais somente organizando as turnês na América, Europa e Japão para a TIP e seus artistas como o GMS entre outros, eu também estava tocando com eles. Não olhei para trás, e cheguei a visitar os quatro continentes num só mês!

Fale mais sobre seus projetos como produtor. O que você anda fazendo ultimamente? Algum lançamento por vir?
Lancei esta semana um álbum trance como DKN, de nome Interrupted. Faz quase dois anos que comecei a produzí-lo, uma longa história assim como minha passagem pelo trance. Não pense que eu parei e fiquei no trance, pois meu foco já se desviou para o house, tech-house, minimal e progressivo agora. Este álbum, por exemplo, não significa um adeus ao trance, e sim uma culminação de vários anos na cena, e esta chegou exatamente na mesma hora em que estou trabalhando com Gabe (Wrecked Machines) em outros projetos de baixo BPM.
Para continuar, estou preparando um CD mixado no estilo house e tech-house com lançamento previsto para o fim do ano, incluindo meus trabalhos de remixes (para Sasha, Christian Smith e John Selway, o qual acabou de ser lançado e está sendo muito tocado por John Digweed, entre outros), além de músicas inéditas feitas por mim e meus amigos já mencionados. Faz tempo que eu queria fazer um CD mixado, o último que fiz saiu só no Japão em 2003 e foi muito bem, além de ter gostado muito de fazê-lo. Agora é a hora de fazer mais um, hoje com estilo diferente do psy trance.

Como foi que aconteceu essa mudança de estilos em paralelo ao trance?
Foi orgânico e muito natural. Aconteceu ao longo dos últimos dois anos, eu sempre tento injetar um pouco de outros sons nos meus sets. Sempre gostei de outros estilos musicais, na verdade. Quando comecei a gostar de eletrônico não existiam divisões, era música eletrônica e ponto final. Hoje existem diversos estilos, mas eu ainda penso como antes. E acho que não sou o único, pois o Gabe (Wrecked Machines), o Du Serena, o Rafael Dahan e até mesmo o Riktam (GMS) e o Ido (Domestic) mudaram também de BPM. Não paramos com o trance, mas o trance, em si, parou de evoluir. O que fazer quando isso acontece? Busca-se inspiração em outras vertentes. E foi o que fizemos.
Sorte a minha, pois sempre quis voltar a tocar um som menos frenético e rápido como o psy trance, e também nunca deixei de falar com meus amigos de fora do trance. O trance é muito bom, mas nunca achei que se encaixava em uma boate. Algo que vemos acontecer pouco no Brasil ultimamente são as festas de trance em boates. E quase todo mundo está consentindo e seguindo esta mudança de BPM, além de também estarmos trazendo algo novo para a cena house e techno.

Você foi convidado para ser o DJ oficial de abertura da turnê do Sasha no Brasil. Como foi que surgiu essa oportunidade?
Não sei se oficial é a palavra (risos), mas Sasha é meu amigo desde que eu comecei a trabalhar em seu estúdio em 92/93. Como tivemos sucessos juntos com os remixes de "Coma", que fiz ao lado de Gabe, ele queria que eu abrisse para ele e eu aceitei, é claro!

Conte mais sobre os remixes que fez para ele. Como foi a história de "Coma"?
Ano passado, dei para ele uma música então nova chamada "I Want You", que está no álbum recém-lançado aqui pela Wired. Em retribuição, ele me passou uma nova dele, "Park It In The Shade". Na hora eu falei que gostava do som, e ele também gostou da minha música, mesmo sendo trance, e ele me pediu para fazer um remix, passou os arquivos para remixar. Fiz este com o Gabe, e Sasha gostou muito.
Então pedi para remixar outra faixa dele, uma com mais elementos melódicos, a própria "Coma". Ele me falou que eu podia fazer, mas ele nunca ia lançar porque acabou de receber outros remixes dessa mesma música. Porém, gostava da ideia de ter uma versão exclusiva para ele e seus amigos DJs tocarem.
Daí começamos a trabalhar, sabia que tínhamos poucos dias para terminar o remix para seu set de abertura da Space - Ibiza. E eu estou ligado que estilo ele toca lá. Conseguimos acabar rápido! Eu e Gabe acertamos a mão! E quando o encontrei depois de ter tocado na abertura ele me disse: "Não sei quando nem como, mas vamos ter que lançar esse remix! E vamos agilizar para você abrir para mim na próxima turnê do Brasil."

+ info: www.carambolarecords.com.br

Por: Flavinha Campos - Skol Beats

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