terça-feira, 21 de abril de 2009

Novos horizontes: O underground carioca da sinais de vida

De um lado o Rio de Janeiro é dominado por mega eventos de musica eletrônica, patrocinados por super empresas, conseguindo reunir de 3.000 a 20.000 pessoas em 12 horas de festa puramente comercial e recheada de atrações caríssimas, pra um público que pouco se importa com o que esta tocando, desde que esteja na moda ou figurando algum toplist por ai.

De outro temos eventos de médio porte, tentando vender atrações locais que não conseguem se desvencilhar do bairrismo, misturado com headlines internacionais, usando uma mídia muito semelhante à comercial de margarina ou sabão em pó, com pessoas pulando em meio a arco-íres e casinhas coloridas sobe um descampado verde, que sinceramente, é horrível e borrachudo, propaganda comprada pronta, tipo aqueles cd’s de cliparts que vendiam antigamente nas bancas de jornal acompanhados de uma revista de informática (flyer é arte, alguém lembra disso?). O público? Só Deus sabe, uma mistura que da até medo de tentar determinar antes de ser atacado e chamado de preconceituoso.

No fundo disso tudo, escondido em suas cavernas hitech, a tribo do “antigamente era melhor”, o povo que sobreviveu a lavagem cerebral do modismo graças aos i-pod’s, ferramenta fundamental onde o verdadeiro som ainda vibra forte e faz essa tribo ainda reviver (nem que seja em seus quartos) sensações antes compartilhadas em grupo em festões ao luar ou em baixo de um sol escaldante de Vargem Grande. Triste? Que nada, estava ai a receita pra construir o novo underground psicodélico da cena carioca.

Munidos de tecnologia e na velocidade da internet, festas e festivais secretos passaram a ser traçados e começam a pipocar pelos finais de semana. Podemos ser poucos, mas na hora de fazer barulho e juntar nossas forças a celebração atinge um pico de energia que instantaneamente os olhos voltam a brilhar, os corações esquecem os ritmos que podem ate não ser da preferência de alguns, mas vibra na mesma freqüência, com o mesmo gostinho de revival e com a mesma empolgação de descobridores diante de novos horizontes.

Uma das peças do quebra cabeça começou a se formar com o surgimento do coletivo de Djs Enlight, formado em 2007 com o objetivo de se tornar um núcleo de resistência underground dentro da musica eletrônica carioca. Cansados de festas comerciais, onde a preocupação com o público é pouca e a qualidade sonora é rara.

“O chamado vem sendo refeito há alguns meses, o público teve que ser testado, pra ver quantos ainda estão dispostos a entrar novamente no transe coletivo e acreditar na possibilidade de se criar novas ZAT’s psicodélicas (Zona Autônoma Temporária).”

Uma humilde amostra aconteceu em fevereiro, onde tivemos no Rio de Janeiro um mini festival colaborativo que serviu de base pra troca de vivencias, muita musica non stop e planos pro futuro próximo. E no ultimo dia 7 de março aconteceu a Enlight Label Party, uma festa um pouco mais aberta, com o objetivo de se recriar a atmosfera das extintas privates, que reuniu cerca de 200 pessoas em um sitio longíssimo, a 2 horas do Rio de Janeiro, ao som de Naked Turist (GER), Paula (FOP-SP), Deshi (FOP-SP) e os djs do coletivo Enlight.

Tanto o mini festival quanto a Enlight Label Party foram um sucesso. O público voltou ao espírito de coletividade, participando da construção da festa como local de celebração construído a varias mãos e pensamentos, onde não só o público interagia com respeito ao próximo, mas principalmente com a natureza, cuidando de seu próprio lixo, usando suas próprias canecas de plástico e porta bitucas de cigarro, que reduziram quase a zero a geração e permanência de lixo no dancefloor. Além disso, o intercambio com outras “cenas”, com o mesmo espírito de preservação de nossos valores ideológico, vem se fazendo presente e mais do que nunca necessário, demonstrando que a união pode, sim, restaurar nossos rumos enquanto movimento contra-cultural e despertar nova consciência e rumos. Os projetos de cunho social e solidário também estão sendo desenvolvido, com a ajuda do público não só doações, roupas, livros e alimentos, mas também dinheiro pra ser aplicado em ONGs que promovem a integração provendo educação.

Por todo canto e utilizando comunicação direcionada, surgem movimentações. Não desligue sua antena ou mude sua freqüência e junte-se a nos nessas novas e antigas celebrações.

Por: Roosevelt Soares
www.djroosevelt.blogspot.com
www.flickr.com/photos/jolia/sets

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