terça-feira, 7 de abril de 2009

Os DJs que fizeram a diferença

A maioria das pessoas hoje provavelmente nunca ouviu falar desses caras aqui. Mas, sem eles, nada do que temos hoje teria sido possível.

Francisco Grasso
O primeiro DJ a fazer coisas que consideramos totalmente normais para um DJ. Grasso de Nova Yoirk, não deixava pausas entre as faixas, sobrepunha duas músicas diferentes e não deixava as músicas inteiras. Também foi dele a idéia de colocar um feltro embaixo do vinil para poder segurar o disco sem fazer para o prato do toca-disco. Era um inovador de verdade: não aceitava pedidos e sempre recheava seu set de novidades, evitando os hits fáceis. Para 1969, era algo revolucionário.

Grasso foi o rei da pista de Nova York na virada dos anos 60 para os 70. Um dos clubes onde tocou, Sanctuary, ficava numa ex-igreja. Quando quis trocar de clube, os donos mafiosos não gostaram. E ele levou uma surra que o deixou desfigurado pelo resto da sua vida. Morreu em 2001, com pouco dinheiro e poucos amigos.

David Mancuso
Mancuso fazia festas em seu loft em Manhattan apenas para convidados. Lá ele planejou o ambiente completo para conseguir uma experiência transcendental a partir da música: som de qualidade perfeita, luzes que mudavam de acordo com a música e uma trilha sonora "jornada", na qual a velocidade, intensidade e humor das músicas ia variando conforme a música avançava.

Seu apartamento, conhecido logo como The Loft, virou o endereço de balada mais cobiçado em NY no começo dos anos 70. Mancuso doi o primeiro a explorar a fundo o lado de catalisador de atmosfera e emoção da noite. Toca até hoje.

Larry Levan
Influenciador de nomes como Paul Oakenfold, New Order e Danny Tenaglia, Larry Levan é considerado por muitos como o DJ mais importante da história. Um habilidoso controlador de pista, sabia manipular a atmosfera por horas e abusava de efeitos e mudanças de equalização.

Levan ajudou a planejar o sistema de som do clube onde era residente, o igualmente lendário Paradise Garage. Era o tipo de lugar onde as pessoas tinham experiências quase religiosas. Levan tocava de tudo: disco, dub, rock, pop, soul, trilhas sonoras e muito mais. De sua pista nasceram inúmeros hits que depois acabaram virando sucessos de rádio. Levan era tão ligado ao Paradise Garage que, quando o clube fechou em 1987, depois de 10 anos de atividade, não suportou a perda. Afundou-se cada vez mais nas drogas e morreu com apenas 38 anos, em 1992.

Frankie Knuckles
Ele é considerado o padrinho da house. Criado em Nova York, se mudou para Chicago, no final dos anos 70. Lá, virou residente do clube Warehouse, onde passou a experimentar tocando disco music com batidas eletrônicas por baixo. Foi dessas fusões que surgiu o embrião da house (que nasceu como uma disco music minimal e esvaziada de elementos). O nome do gênero veio justamente da abreviação de "warehouse music", ou seja, a música que tocava na Warehouse.

Knuckles virou, é claro, um ícone, fazendo produções e remixes que marcaram o fim dos anos 80 e começo dos anos 90. Ele segue na ativa, com 54 anos, mesmo depois de ter amputado o pé recentemente devido à uma doença óssea.

Grandmaster Flash
O primeiro grande DJ do hip hop, elevando a discotecagem desse estilo a categoria de arte. Flash não inventou o scratch (este foi Grand Wizard Theodore), mas foi ele que aprimorou essa técnica a um nível assombroso. Sem falar em cuts, back to backs e outros truques que ele dominava com facilidade.

Foi o responsável por alguns dos maiores hits do início do hip hop, incluindo "The Message", a primeira faixa com letra que denunciava as agruras do gueto. Grandmaster Flash continua discotecando mundo afora.

Ricardo Lamounier / DJ Grego
O primeiro no Rio, o segundo em São Paulo, introduziram no Brasil a arte da mixagem e da discotecagem sem pausas. em meados dos anos 70. Grego também foi inovador no país ao fazer edits e remixes de faixas, tudo na base da gilete e da fita de rolo (lembre-se isso foi 20 anos de existência de softwares como Ableton Live). Grego remixou quase todo mundo que importava no pop e rock nacional nos anos 80. A versão do RPM de "Loiras Geladas", que estourou nas rádios, era o seu remix. Lamounier já é falecido, mas Grego continua tocando e produzindo, com seu projeto G&G Groove Factory.

Oswaldo Pereira
Oficialmente, o primeiro discotecário do país. Seu Oswaldo animava bailes nos anos 50, em São Paulo. Chamava seu projeto de Orquestra Invisível, pois ficava tocando atrás de uma cortina o baile achando que ali atrás estavam músicos de verdade. Em dado momento, a cortina se abria e revelava o solitário seu Oswaldo mais a sua vitrola em cima do palco.

Marquinhos MS
O pai da discotecagem underground no Brasil a partir de meados dos anos 80, ao lado do DJ Magal. Foi Marquinhos quem ensinou Mau Mau a tocar, para se ter uma idéia de sua importância. Foi também um dos primeiros a apostar na house music no Brasil, era um faminto buscador de novidades. É seguro dizer que foi o primeiro DJ completo da música eletrônica moderna no país, aliando pesquisa, repertório e técnica apurada. Marquinhos morreu em 1993, vítima da AIDS.

DJ Alfredo
Residente do Amensia, em Ibiza, a influência desse exilado argentino é vasta. Em 1987, um grupo de DJs ingleses, que incluia Paul Oakenfold e Dany Rampling, teve uma epifania na ilha espanhola ao tomar ecstasy e ouvir a discotecagem eclética de Alfredo, que ia do pop à acid house.

De volta a Londres, usaram essa influência para dar a largada na acid house, que foi a primeira vez que a nova música eletrônica virava um fenômeno de massa. A partir dai veio tudo: raves, techno, drum'n'bass, trance, prog, superclubes, em resumo, toda a música eletrônica que vivemos como a coisa mais normal do mundo nos dias de hoje.

Por: Camilo Rocha
Revista House Mag 11ª edição (março/abril)

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