terça-feira, 19 de maio de 2009

(entrevista) Dahan

Residente, fundador e produtor da Rave Tribe e do Solaris Festival, referências na cena eletrônica nacional, Dahan pode ser considerado um dos responsáveis pelo boom do trance no Brasil que aconteceu em meados dos anos 2000. DJ respeitado, Rafael vem se apresentado regularmente em importantes clubes, festas e festivais por todo o Brasil, como, por exemplo, a Tranceformation em Goiás, o Universo Paralello na Bahia e Kaballah em Campinas.

Ao lado de seus sócios na Tribe, fundou também a Carambola Records, que além de selo é uma agência de DJs que carrega grandes nomes internacionais em seu casting, como D-Nox, Beckers, Domestic, Ace Ventura, Boris Brejcha, Gabe e Wrecked Machine, Pixel, entre muitos outros.

Dahan tem uma sensibilidade única na discotecagem, conseguindo transitar entre vertentes e trabalhar com BPMs de 127 a 145 sem perder a pista - do minimal ao full on groove, passando pelo trance progressivo e electro house. Foi essa habilidade que o transformou em DJ muito requisitado para fazer a transição entre vertentes nas festas, o que já se tornou sua marca registrada. Na edição de sábado 16 de maio, a abertura da turnê de 2009 da Tribe não vai ser diferente, Dahan fará back-to-back com Du Serena entre os suecos do Ticon e o britânico Fergie.

A festa comemora oito anos do núcleo na ocasião, com uma proposta diferente da habitual, uma dobradinha Tribe Moon & Tribe Light. Trazendo o tema Paz Interior, será a primeira edição da Tribe Moon. Na programação, que conta com DJ e lives, estão Infected Mushroom, Domestic, Ticon, Boris Brejcha e Trotter Live.

Já a Tribe Light, segundo evento sob o conceito, acontece no dia 18 de julho, pedindo Paz no Mundo. O line-up desta vez apresenta nomes como Propulse, Oliver Huntemann, D-Nox, Layo & Bushwacka, Pixel, X-NoiZe, Psysex e Ace Ventura.

Saiba mais sobre a Tribe e Dahan nesta entrevista exclusiva ao portal Skol Beats:

Conte mais sobre o conceito dessa primeira etapa paulista da turnê 2009 da Tribe - Moon & Light? Como foi que surgiu a ideia de fazer a festa temática e o conceito em si? Como isso se refletirá na cenografia e line-up?
Nosso tema central desse ano é a paz, a ideia aqui foi integrar esses eventos para que eles tivessem uma unidade, que eles se complementassem. A noite e o dia simbolizam essa totalidade e por isso surgiu a ideia do Moon & Light, paz interna e paz no mundo. Isso se reflete no horário de cada uma, privilegiando a noite em maio e o dia em julho. Acho que o line-up reflete isso, mas não de uma maneira direta, não é tão objetivo. A cenografia e iluminação acompanham o conceito, mas essa surpresa fica pras festas.

Vocês pretendem seguir esse caminho conceitual nos eventos dos outros estados também? E no segundo semestre, em São Paulo, haverá um novo tema?
O caminho conceitual da maneira como está rolando em São Paulo, Moon & Light, foi dividido em somente dois eventos, será um acontecimento único, inclusive na história da Tribe. Nas edições fora de Sampa como Curitiba e BH nós concentramos forças num só evento, seguindo o mesmo conceito visual e musical. No segundo semestre já começa a gestação de um novo ciclo onde renovamos tudo para a festa de aniversário.

Como foi que você e o Du, seu sócio e amigo, se conheceram? Como foi que surgiu a Tribe? Conte como tudo começou.
Eu conheci o Du em 99, ele tinha voltado de uma temporada na Espanha onde conheceu o Ariel, meu irmão e também sócio na Tribe, e eu acabava de chegar da Austrália na mesma época. Logo na noite em que a gente se conheceu, fomos pra uma festinha bem suspeita, na verdade uma rave bem estranha que eu não entendi até hoje... Chega a ser irônico. A gente se conectou rápido. O Du teve sempre um espírito realizador quando o assunto era reunir os amigos pra escutar música, não esperou as coisas acontecerem. Começaram a rolar festas muito pequenas e despretensiosas na casa de um, no sítio do outro. E em pouco tempo foi se formando uma turma que se conectava com a música e a proposta.
Em dezembro de 2000, uma dessas festas foi marcada num sítio em Itapecerica pela primeira vez chamando "Tribe". Choveu tanto que apareceram umas 50 ou 60 pessoas e a festa aconteceu dentro da sala. Apesar disso, aquele dia foi um marco, consolidou o movimento que estava acontecendo. Na festa seguinte, no mesmo lugar, dessa vez com muito sol, veio bem mais gente e a partir daí não parou mais. Aos poucos foi deixando de ser uma apenas uma "brincadeira" para se profissionalizar, alguns dos colaboradores do início foram tomando outros rumos e nos aprofundamos mais. Cinco dezembros depois, na nossa edição de aniversário, deu 25 mil pessoas, foram anos intensos!

Você é um dos fundadores da Carambola Records. Conte um pouco a história do label. Como foi que surgiu a ideia de fundar um label paralelo à Tribe?
A Carambola surgiu muito naturalmente como consequência do relacionamento sólido que foi sendo construído com os artistas e labels que a gente trabalhava ao longo do tempo. Começamos a representar alguns artistas e a lançar alguns álbuns no Brasil e, com o tempo, isso foi formando raízes e ganhando vida própria, independente da Tribe.

Hoje você tem um case bem eclético e abrangente, não se apegando a estilos. Comente esse fenômeno que também se repete nos line-ups da Tribe.
Sou um inimigo dos rótulos! A essência é a mesma de quando eu comecei... Acredito que sempre toquei e toco musica psicodélica, seja ela entendida como trance, tech-house, minimal ou prog, seja 125 ou 140 BPM. Faz alguns anos que a Tribe reúne gêneros e vertentes bem diversas, na verdade ela difundiu essa tendência na cena open air brasileira, isso não é uma novidade.

Quais são seus produtores favoritos da atualidade?
Stimming, Gabe, Matt Nordstrom, D-Nox & Beckers e Martin Buttrich.

Quais são seus projetos futuros?
O presente exige tanta atenção e energia que está difícil traçar muitos planos, nunca planejei muito, mas quero amadurecer mais como artista e me aprofundar na música como ampliadora da consciência. Minha tese de graduação em psicologia foi sobre esse tema e quero continuar o trabalho, levando de alguma forma mais explícita pra prática, ou melhor, pras pistas.

A crise mundial já chegou a atingir o setor das festas? Como isso está se refletindo na Tribe?
Eu ainda acho cedo pra estabelecer uma relação direta, é uma economia bastante informal que não conta com a medição de indicadores de outros setores onde se fazem análises mais precisas e periódicas. O mercado está sempre mudando, mas não acho que o setor esteja sendo particularmente atingido.

+ info
www.tribe.art.br
www.carambolarecords.com.br

Por: Flavinha Campos - skolbeats

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