sexta-feira, 15 de maio de 2009

(entrevista) Dusty Kid

O jovem produtor italiano Paolo Lodde, mais conhecido como Dusty Kid, é aos 20 e poucos anos a sensação do Techno atual. Estudou piano clássico desde os seus 10 aninhos e decidiu se dedicar ao eletrônico ainda moleque, com 19 anos, quando lançou seu primeiro single. Teve gigs fantásticas pelo Brasil e hoje acabou de lançar seu primeiro álbum, entitulado A Raver’s Diary, e conta para a Goma algumas curiosidades sobre o seu trabalho.

De onde surgiu a ideia do nome Dusty Kid?
Quando eu tinha 20 anos trabalhava em um selo italiano com Stefano Noferini. Ele tinha um quarto enorme com milhares e milhares de discos velhos. Como eu sempre pesquisava lá ficava com as mãos cheias de poeira, e então veio a ideia do nome. Mas na verdade, Dusty Kid para mim são aquelas crianças nos filmes de Velho Oeste que limpavam as botas dos cowboys.

Suas produções soam mais musicais do que simples tracks eletrônicas. É alguma preocupação que tem quando está produzindo ou é algo natural?
Com certeza é mais espontâneo, provavelmente porque eu produzo como um músico e não como DJ. Definitivamente não estou interessado em tracks nonsense, eu prefiro fazer canções em vez de tracks.

Como a música clássica que estudou influência nas suas produções?
Bem, eu penso que o conhecimento de estudos clássicos ajuda por um lado e atrapalha por outro. Club Music é baseada em fantasias, e não regras melódicas, então você tem que saber usar a cabeça sem poder recorrer muito sobre notas e escalas harmônicas.

A mudança do clássico para o eletrônico foi radical. O que te motivou a isso?
Quando comecei a freqüentar os clubs com meus amigos, aos quatorze anos, instantaneamente senti uma forte atração pela música que ouvia enquanto dançava, e comecei a me perguntar como poderia fazê-la. Então, ganhei um pequeno sequenciador e passei a imitar aquelas sonoridades psicodélicas.

Além da música clássica, quais artistas mais te influenciam dentro da cena eletrônica?

Quando eu era mais jovem, nos anos 90, me interessei basicamente no que Michael Cretu estava fazendo em seu projeto Enigma, e pelas músicas do Chemical Brothers. Hoje existem vários produtores fazendo muita coisa boa. Os meus favoritos são Mathew Johnson e Sleeparchive. Espero ter a chance de colaborar com eles um dia.

Quais equipamentos você costuma levar para as suas performances?

Na verdade só um laptop, um controlador midi Vestax VCM-600, além de outro controlador da Korg. Adoraria me apresentar com todos os meus sintetizadores e alguns outros equipamentos ao vivo, mas já que estou sempre viajando de avião, isso ainda é impossível.



Você pode nos dar um insight de como é o seu estúdio?

Tudo funciona dentro de um Mac Pro, que opera ao mesmo tempo o Cubase 5, com um Uad-2 Card e alguns softwares de sintetizadores. Tenho um controlador Mackie com 24 faders que opera com o Dexter da JazzMutant, e um AudioCard de 24 canais que se liga diretamente ao console Mackie 24/8 para mixagem, e muitos sintetizadores analógicos.

Ouvi dizer que é um fã dos sintetizadores analógicos. Quais são os seus favoritos?

Os meus favoritos são o Jupiter 6 & 8, SH-101, MS-10 e Andromeda A6.

Qual a principal diferença de produzir em um sintetizador analógico e em um digital?

Eu acho que não existe diferença, depende do que você está fazendo. Synths analógicos, por exemplo, dão mais possibilidades de conseguir um som mais quente e redondo.

I Love Richie é uma homenagem ao Richie Hawtin, certo?! O que te atraiu nele ou em sua música que chamou tanta atenção e você decidiu homenageá-lo?
Ele é capaz de produzir música eletrônica sem se deixar influenciar pela tendência do momento, o que eu uso para definir “música atemporal”. Para um produtor eu penso que é a coisa mais importante hoje. Isso permite que tenha sua própria personalidade e sonoridade, dentro de um mar de produtores que sempre fazem a mesma música.

Encontramos um vídeo do Richie na internet tocando algumas de suas tracks. Como se sente em relação a isso?

É realmente muito gratificante. Mesmo que pense que ele não sabe da minha existência.

Como foi a produção do álbum “A Raver’s Diary”?
Eu aproveitei muito o making of. Sempre tive o sonho de fazer um álbum conceitual deste tipo, e foi muito divertido e interessante para eu criar uma visão pessoal de uma rave. A música vai desde tracks com uma linha mais Techno, até as mais melódicas, com viagens psicodélicas que faziam a vibe de trancers mais antigos e guitarras dos anos 60.

Ficou feliz com o resultado?
Sim, com certeza. Foi feito exatamente como eu esperava.

O que acha do público brasileiro?

No começo eu achei os brasileiros não eram tão viciados em Techno, mas depois de um tempo descobri que gostam muito. Sempre que vou ao Brasil fico muito ansioso e feliz. O país está definitivamente entre o meu Top #3 dos preferidos. Vocês têm uma vibe que eu acho muito exótica, provavelmente porque sou da Europa.

Por: Victor Shin - revista goma


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