segunda-feira, 4 de maio de 2009

Geração raver chega ao poder

Imagine se aparecesse um vídeo com o governador José Serra ou Aécio Neves curtindo uma rave muitos anos atrás. Pois aconteceu o equivalente na Inglaterra. Surgiram imagens de uma rave de 1988 onde aparece um rapaz que seria hoje o líder do Partido Conservador (oposição) do país, David Cameron.

O partido de Cameron se apressou em negar que o rapaz no vídeo não é o político. O suposto David Cameron aparece aos 13 segundos, de cabelo comprido e sorrisão estampado no rosto.

O vídeo foi divulgado pelo blogueiro conservador Guido Fawkes, cujo nome verdadeiro é Paul Staines. Staines foi assessor de imprensa da rave Sunrise entre 88 e 89.

Não é a primeira vez que o nome de Cameron é envolvido em polêmica. Em 2007, surgiu a notícia de que ele quase foi expulso de Eton (a mais famosa escola da elite inglesa) depois que um colega o denunciou por fumar maconha.

LIBERDADE DE FESTEJAR
Staines é ligado ao Partido Conservador inglês desde o final dos anos 80. Ajudou a fundar a campanha Liberdade de Festejar, em prol das raves, numa conferência do partido. Também participou de grupos lobistas ligados ao partido para assuntos mais "sérios" como direitos humanos e o livre mercado. Hoje seu blog é um dos mais importantes da área política no Reino Unido.

Ele conta que tem "boas memórias de tomar LSD e MDMA puro e dançar hipnotizado." Também já disse que seria uma boa ideia salpicar de ácido a bebida nas reuniões de políticos de Partido Conservador.

Tanto ele como David Cameron, se é que era ele no vídeo, são exemplos da geração que pirou o cabeção nos tempos da acid house e que hoje está no centro do poder do Reino Unido.

CARETEANDO
No Brasil ainda não deu tempo de algo equivalente acontecer, já que as raves explodiram aqui muitos anos depois.

Mas já temos muitos exemplos de caras que certamente fizeram suas doideiras quando mais novo e que hoje estão nas altas esferas do executivo e legislativo.

Em tese, pessoas com essa experiência poderiam significar o avanço de uma compreensão e tolerância maior com relação à diversidade cultural e a causas como a legalização das drogas, só pra ficar em dois exemplos com relação bem direta. Políticos assim talvez não pensem que festas de música eletrônica são o inferno sobre a terra, como é a opinião de tantos por aí.

Na prática, não é bem assim. Os casos são raros. Temos, por exemplo, Fernando Gabeira e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que faz pouco aderiu à causa de legalização da maconha (mesmo assim duvido que ele apareça na Marcha da Maconha que rola domingo).

E não é só porque muita gente "careteia" depois que fica mais velha. Tem muito mais a ver com o fato de que o mundão lá fora nem sempre tem a opinião mais progressista. Na hora de pedir seu voto, é mais sensato deixar os temas polêmicos bem guardadinhos na gaveta.

Por: Camilo Rocha - rraurl

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